Que se foda a poesia erótica.

Foder um homem é necrofilia

Que se foda a poesia erótica
Contra uma parede
acabe-se-lhe com a sede
sufoque-se-lhe o pescoço

Poesia é coisa de velha
Arrepanhar lábios,
contra lábios
é de lenda

Não se é mulher, porque se quer
para ser berço é preciso colo
não é preciso força, nem falo
isso é para usar e descartar
como um acessório sem valor,
irrisório

Os homens não percebem o prazer
só sabem da sua braguilha
não percebem a virilha
não sabem que tem que doer
não sabem que amor
também é foder

Toda a mulher é ilha
toda a mulher é mãe
é boca, é cheiro, é mão
pode não ser filha
mas será sempre pão

Foder um homem é necrofilia
não se pode entrar num homem
é um ser inanimado
um homem por dentro é oco
é fisiológico,
não tem nada de elevado

Uma só mulher tem tudo,
mesmo que seja fútil,
imprestável, intragável ou inútil
ainda assim será sempre mais
do que um homem

Que não seja mal entendida,
um homem também tem valor
um homem tem lábios, mas são só lábios.
Uma mulher tem o mundo,
cheiros,
calor
e tudo isso… só nos lábios.

Onde um homem acaba
uma mulher ainda não começou.

Para sempre poetamor

Alguém me diz quando é que o amor durou para sempre?

Alguém me diz quando é que o amor durou para sempre?
há por aí catervas de poetas a dizer que o amor é eterno.
É o raio que os parta!

Já me desprezei por ter rompido com amores eternos dezenas de vezes
e eu sou ainda petiza!
Enganam-nos toda a vida com a porcaria das princesas
e dos seus finais sempre felizes!

Não há um poeta; Um único que não seja malogrado!
Nunca existiu um poeta que fosse bem sucedido no amor!

Estou farta, cansada e batida.
O amor de que falam é tesão!
esse cansaço que dizem ser a essência da vida
é puríssima treta, completa desrazão
Eu quero tempo, quero carinho e quero tempo!
Não preciso de mulheres, não preciso de homens,
não preciso de amasso, não preciso de roço
não sou um cão que se aquieta com osso

Quero tempo, preciso de abraço
preciso de tempo com pessoas a sério
de falar e pensar com critério
preciso de silêncio acompanhado com gente
até que a beleza me seja indiferente.
As estéticas, as formas e até os conteúdos
deviam ficar todos mudos;
surdos.

E eu seria só abraço
tudo seria abraço
sem calor, nem cansaço
não precisava de durar muito
só todo o tempo
só para sempre.

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