Hoje ainda não rebentou nada,
mas não me sinto melhor
continua o pó na estrada
e no ar o mesmo fedor
Hoje ainda não rebentou nada,
mas não me sinto melhor
continua o pó na estrada
e no ar o mesmo fedor
continua a cheirar a morte
mas estou de pé e posso contar esta história
devia achar que sou bafejado pela sorte
que um dia esta guerra trará glória
mas sei que como todas,
também esta guerra serve para nada
Não vão mudar vontades, nem sequer modas
no fim vão ficar vazios e buracos na estrada
Os que tinham razão e os que não tinham,
vão viver ou morrer
Alguns vão achar que ganharam alguma coisa
terão até a arrogância de celebrar a vitória.
Dirão que ganhou a virtude, que acabou a escória
Tudo melhorará enquanto o pó poisa
Mas quando tudo assentar
não serviu para mudar nada,
descobrir-se-á que a guerra serviu para matar
não mudou a humanidade, nem o preço da empada
melhorarão as esperanças dos que ganharem
arruinar-se-ão ideias que iam mudar tudo para melhor,
e os que sobreviverem, os que ficarem
aprendem novos hinos de cor
uma vez mais vencerá alguém,
alguém perderá
Não vai ganhar o Mal, nem o Bem,
o nada vencerá
Mas não será desta que se aprende.
nem tudo se compra e vende.
Há coisas mais importantes que nós
e valerá talvez a pena morrer por elas,
mas matar não tem nada abaixo
o lodo da virtude é isso.
Uma só atitude pouco importa,
mas uma só atitude tudo infecta
se a linha em que vens foi feita torta
é tua missão fazê-la recta.

Não tenho esperança, nem me é possível redenção
mas para vós, os que vêm em mim bafio bolorento
há audácia, possibilidade e regeneração
haja vontade, coragem e alento!
Sigam! Fazei o que manda o coração
ignorai experiência e velhos medrosos
fazei tudo novo, cagai na oração
sede apaixonados e fervorosos
Adorem o deus verdadeiro,
que é menos que qualquer um de vós
que deixe da haver macho, fêmea, paneleiro
acabem a pontas soltas e os nós
Agarrem na virtude e no pecado
e queimem-nos como às bruxas do passado
Construam um mundo novo, porra!
baseado somente em felicidade
em que a sobrevivência morra
e se extinga a crueldade
meça-se a riqueza em riso e que errar seja treinar,
que todo o rosto seja liso e as rugas só para enfeitar
ou então façam a mesma merda outra vez
Pode ser que daqui a mil anos
tenhamos aprendido a degustá-la como ao vinho.
Seremos escanções de trampa
e teremos a vida que merecemos
finalmente.
Como uma praga de baratas,
depois de extinto o exterminador.
36.202105
37.134260
Gostar disto:
Gosto Carregando...