Filho:

Meu filho amado.
Sei que não vais ler isto, pelo menos não enquanto te fôr útil.
Quando eu tinha os teus vinte e tal anos também era assim impetuosa, como tu, e dificilmente pararia o tempo suficente para ouvir alguma coisa…
Estás na idade em que as hormonas deixam pouco espaço para qualquer outra coisa, mas ainda assim não resisto a avisar-te para o cuidado que deves ter com os teus.
Não podes viver para sempre a pensar que és uma espécie de D. Juan. Tens que ter cautela por duas razões principais: Não podes passar o tempo a ferir as raparigas que se apaixonam por ti. E mais importante ainda é que se viveres muito tempo sozinho corres o risco de te tornar num ser demasiado caprichoso para ser aceite por alguém, ou mesmo para aceitar.
Tenta ser carinhoso, mesmo que não te apeteça. Faz alguma coisa pelos outros diariamente – mas tem que ser mesmo por eles e não porque queres ser reconhecido, ou para te sentires melhor. Tem que ser só porque queres o bem dos outros, sem mais nada. Isto pode ser um bocadito dificil, mas entretanto podes ir praticando. Para isso ajuda os outros, mesmo que seja porque queres alguma recompensa – com o tempo pode ser que te apegues ao bem por si mesmo ao invés de por alguma recompensa.

Desculpa pelas frases mal amanhadas, mas estou a ficar cada vez mais confusa e custa-me muito concentrar-me mais do que alguns minutos.
Boa sorte!

Vânia, 20 de Abril 2009

Cansaço

Não é por teres feito muito,
não é por estares cansada,
não é por estares deprimida.

Estás cansada porque não tens razão para acordar de manhã,
tens nada teu – é só o que queres ter.

Tens vontade de nada,
queres coisa nenhuma.

E agora nem o espicaçar resulta
Estás morta por dentro,
e já se vê por fora.

Pára!
Faz, ou suicida-te.

Ti           
Setembro 2008

amiga! a paixão não é amor, nem tampouco o é o quentinho…

– O miúdo não tem cabedal para ti e tu sabes!
– Não sei se é exactamente assim… Ele é muito inteligente e aprende depressa.

– Sim, mas também não te podes esquecer que é 17 anos mais novo do que tu, e por mais inteligente que seja, tem sempre menos esse tempo de experiência do que tu!

– Pois, é verdade. Mas o que importa é que estamos ambos apaixonadíssimos e não conseguimos pensar em mais nada senão estarmos juntos…

– Bom, eu não queria ser a parvalhona de serviço, mas tenho que ser. Aqui vai:
Tens noção de como eras quando tinhas 24 anos?

– Porque é que não páras de me chamar velha?! Sabes que isso me magoa!

– Não te estou a chamar velha, aliás nem sequer acho isso e também não és tu o problema desta relação. O problema é que ele tem 24 anos! E tu estás a manipulá-lo.

– Ei!

– Ei, nada. Agora senta-te e ouve.
Tu sempre foste espectacular e é natural que te esqueças que os homens ficam parvos ao pé de ti. Estás habituada a conseguir tudo o que queres e por isso também não estás habituada a contar com contrariedades, mas não podes esperar que os homens se apaixonem apenas pela tua personalidade. A verdade é que é impossivel dissociar o efeito hipnótico que tens sobre os homens, de todo o resto da tua personalidade; por isso não podes esperar que gostem de ti apenas pela tua mente – eles estão sob hipnose!

– Obrigada, és muito simpática…

– Não sou nada, na realidade tu és mesmo assim.

– Eu acho que exageras um bocadito, mas ainda assim agradeço.

– Pois, mas eu ainda não acabei.

– Então continua.

– Como os homens ficam parvos perto de ti, tens uma responsabilidade maior, que é a de pensar por ti e por eles. Não podes esperar que tenham o discernimento de pensar se realmente te Amam ou se estão simplesmente cegos.

– Supondo que tens razão, estás a querer dizer que eu e o Sancho não temos futuro porque ele está apenas cego e não apaixonado?

– Não, não é nada disso. Tens é que ter o cuidado de não acreditar nele quando diz que te ama.

– Eu não sou propriamente tótó e, ou ele é um excelente actor, ou então é mesmo sincero quando o diz!

– Tu não és nada tótó, antes pelo contrário, e também me parece que o Sancho é mesmo sincero quando diz que te ama. O problema é precisamente esse. Ele acredita mesmo nisso e sente-o, e por isso mesmo é que tu tens que saber distinguir se é uma paixão avassaladora – e por isso temporária –  ou se é o verdadeiro Amor – o eterno.

– Não sei se concordo, mas vou pensar seriamente nisso.

– A mim chega-me. De qualquer modo estarei cá sempre, quer se zangem, ou casem e tenham muito filhotes.

– Obrigada amiga!

Vânia, 27 Agosto, 2008

António Macedo

Prémio “Alemente” para melhor radialista.

Mantendo-se discreto a maior parte do tempo, sabe elevar a voz quando necessário.

É excelente nas entrevistas, por raramente intrometer a sua história pessoal na dos entrevistados.

Participa ainda em tudo o que são programas diferentes, inovadores ou até vanguardistas, como lhes queiram chamar. Para quem quiser comprovar experimente ouvir o programa “Paixões Cruzadas” na Antena 1, que é uma parceria (da muitas que António Macedo já fez) em que se pode aprender enquanto se houve boa música! Ou então todas as manhãs, na mesma rádio…

Parabéns António Macedo por tanta sabedoria acerca do que é fazer rádio.

Ti          
Julho 2008

O menino e a pedra.

A pedra estava queda no seu local há já muitos muitos anos.

Um dia um miúdo viu-a, achou-a bonita, pegou nela e guardou-a no bolso.

Ficaram muito amigos e a pedra acabou por gostar muito do menino. Os anos passaram e o menino cresceu, tornando-se num belo rapaz.

Um dia olhou a pedra e achou que a pedra não gostava dele, apenas porque esta não lhe dava o carinho que ele lhe dava a ela: Ele falava com ela e nunca tinha resposta, olhava-a minutos infinitos e ela limitava-se a ficar ali parada sem nenhuma expressão.

Um dia cansou-se e chutou-a para longe. Feriu-se no pé e culpou a pedra, achou que ela além de mal-agradecida ainda era vingativa ao ponto de o magoar antes de desaparecer num monte de areia.

Todos culparam a pedra e tiveram pena do rapaz. Até os supostos amigos da pedras se preocupavam com o rapaz e ninguém perguntou à pedra como é que se sentia por ter sido chutada; diziam-lhe que era insensível e fria, ela concordava, mas dizia que era pedra! Os outros retorquiam que isso não era desculpa, todos temos que tentar melhorar.
A pedra calou-se,
…finalmente!

Ti         
Abr 2006

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