naquel’ano

Naquele ano,
apaixonou-se,
mas só uma vez…
…por semana.

Naquele ano o miúdo levava a miúda a casa quase todos os dias
Falavam das coisas superexcitantes de qualquer vida com pouco mais de uma década. Davam-se conselhos do alto da sua sapiência pré-pueril.
Naquele ano deu beijos, daqueles que explodiriam qualquer coração de velho,
mas o miúdo era um miúdo e, por isso, aguentava tudo,
até tremores de terra, como daquela vez em que quase conseguiu namorar com a miúda mais gira da turma.
De outra vez apalpou as suas primeiras mamas!
Ainda não eram bem mamas, mas também não era bem um apalpanço, era só para apanhar a sua “assafa” que a miúda de nariz arrebitado deixava cair pelo decote…
Naquele ano andou à porrada quase todos os dias e teve que fugir muitas vezes pelo muro dos fundos,
para não levar porrada dos outros,
dos pais dos outros,
dos amigos dos outros, …
As miúdas queriam jogar às casinhas
eles queriam jogar ao berlinde
elas achavam giras folhinhas de cheiro
eles preferiam caricas
elas jogavam ao elástico
eles jogavam ao estica
Naquele ano ajudou amigos a fugir para a vida,
outros a fugir dela,
apaixonou-se,
mas só uma vez…
…por semana,
Naquele ano tudo foi a primeira vez
e foi também a última vez que foi a primeira
Aquele ano é que foi!
Não foi?

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