Pau quê? …lismo!

Deu três voltas no tumulto
e correu
correu
como naquele filme do “astuto da floresta”
enquanto corria ia crescendo,
contrariando todos os especialistas que dizem que se cresce durante o sono e que o excesso de exercício é prejudicial ao crescimento.
Prejudicial é atirar papéis para o chão
ou colocar metal no ecoponto dos papéis
Os papéis servem para se dar uso aos pincéis, se bem que se poderiam usar em paredes, mas há mais pincéis que paredes. E as chuvas?…
As chuvas limpam, ou sujam com coisas novas
mas quase sempre o novo é melhor do que o velho,
por isso é que agora se muda só por mudar,
não se melhora, muda-se simplesmente.
É mais fácil.
Será? Quanto custa fazer bem feito? e mal feito?
Acho que custa o mesmo, mas pelo menos o mal feito dá prazer…

Vou trabalhar.
E tu? não tens que fazer?
então vá…

Ti           
Maio 2011 

Viclo Cicioso

– Olha lá, afinal vamos ou não vamos acabar de ver o filme?
– Tu gostas mesmo do filme?
– O que eu quero é estar contigo, não importa onde, nem a fazer o quê.
– Bonito… Isso é realmente muito bonito de se dizer.
– Mas eu não digo por ser bonito, digo porque sinto.
– Eu sei. A questão é: Como é que te consegues enganar tão bem?
– O quê?
– Tu percebeste.
– Lá estás tu outra vez a falar por enigmas… Não sabes ter uma conversa de gente? Com o sujeito antes do verbo, como toda a gente?!
– Sei, mas a forma que tenho de dizer o quero às vezes não se compadece com as regras gramaticais.
– Por falar nisso… Já arranjaste maneira de ganhar a aposta que fizeste com o Alfredo?
– Hã? Aposta!
– Sim, aquela do “imenso”.
– Ah, isso. Como é que lhe posso provar que “imenso” pode ser um adjectivo?
– Pois não sei, tu é que és o casmurro que tem que ser sempre do contra. Agora arranja-te.
– Baah, deixa lá, eu pago-lhe um jantar e pronto, não se fala mais nisso.
– E depois queixas-te que nunca tens dinheiro…
– Pois, e não tenho.
– Não sabes poupar!
– Pois não.

– Vá lá, não ponhas os pés em cima da mesa.
– Desculpa, tens razão.
– Dá-me um beijo.
– Porquê?
– Porque eu te estou a pedir
– Se calhar se me desses tu, eu respondia-te.
– Mas eu não chego aí.
– Eu podia dizer que a distância é a mesma, mas isso cansava-me ainda mais, pega lá…
– Agora já não quero.
– Quero eu.

– Estúpido!
– Obrigado.
– És mesmo parvo, magoaste-me!
– Eu só te dei um beijo!
– Deixa-me em paz!
– Deixo.

– Não sei…
– Eu sei.

– Vá, agora fica sossegado porque vai começar a segunda parte.
– Ah… finalmente um intervalo.
– O quê?
– Nada. Queres que apague a luz?
– Não, deixa estar, chega-te mais para o pé de mim. Dás-me um beijo?
– …
– Au, picaste-me… Olha o John Travolta!
– Pois é.
– São tão fixes estes serões contigo…
– Pois são… E contigo também.
– Hum?
– Ele ainda dança bem!
– Pois é.

– Para que é que foi isso?
– Porque gosto de ti.
– Mas ainda há 3 minutos eu estava muito longe para tu me dares um beijo!
– Pois…
– Pois.

– Parece que estou a beijar uma parede!
– Porque será?
– Estás a ver? Se eu não beijo é porque não beijo, quando beijo, não respondes!
– Claro! É tão raro que até fico aparvalhado!

– Vá dá-me lá um beijo…
– Outra vez?
– Não, desta vez a sério.
– Pega…
– Ai! Tens que cortar esse bigode ridículo. Picaste-me!
– Desculpa. Não te dou mais beijos.
– Podes dar.
– A sério? Obrigado!
– Oh.

– Ah, como nos damos bem!
– Até damos!
– Pois claro, muito bem!
– Estás a ser irónico, não estás?
– Hum… Deixa-me pensar…
– Estás.
– Estou?
– Lá estás tu armado em parvo!
– Gosto mesmo de ti.
– Gostas mesmo?
– Não.
– A sério?
– Não.

Ti         
30/05/2006

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