Para uma história nos prender não é preciso ser boa. Para prender apenas precisa de tempo.
Há uma razão para preferirmos o que nos está próximo; a proximidade.
Gostamos do que gostamos porque é o que conhecemos.
Tendemos a achar que temos os amigos que escolhemos, os namorados que quisemos,… A verdade é que vamos agarrando o que nos passa à frente. No máximo temos a decisão de escolher o que agarrar, mas raramente temos poder para definir o que passa por nós.
O amor não tem nada que ver com isto. Para quem tem filhos e já experimentou o amor que se tem por um filho, que é, pelo menos para mim, a forma mais poderosa de amor que já experienciei, não importa se são programados ou não, não interessa se são desejados, a verdade é que amamos-los incondicionalmente. Há quem diga que isto acontece com outros tipos de amor, tenho a certeza que sim, mas o que conheço é este.
Quando os filhos fazem asneiras, ou quando não estudam, ou quando são simplesmente maus, a culpa nunca é deles. É nossa que não os soubemos educar bem, é dos amigos que são um bando de atrasados mentais, é dos pais dos amigos que deviam ser açoitados em praça pública, é das más companhias, é da sociedade em geral que não tem capacidade para perceber aquela sensibilidade que os leva a fazer grafitis na porta do vizinho, que os obriga a bater nos colegas de escola, que os faz ir para ao INEM na queima das fitas. A culpa é de tudo menos dos nossos amados filhos.
Conheço uma pessoa que diz que o facto de amarmos mais os nossos filhos, maridos, irmãos dos que todas as outras pessoas é uma falha de caráter! Um destes dias peço-lhe para escrever aqui sobre isso (escreves Ti?). Se calhar tem razão, devíamos amar tudo da mesma maneira…
O que importa para aqui é que, nas histórias, tal como no amor, prendemos-nos ao que nos está mais próximo e não, contrariamente ao que poderíamos pensar, ao que nos atrai “naturalmente”.
Proponho que façam como eu que passei da TV Guia para jornais diários, passado algum tempo só lia as colunas de opinião, depois descobri autores maravilhosos e com eles os livros. Um dia destes estava chateada com um colunista que escreveu uma qualquer barbaridade e decidi voltar às revistas, depois de alguns anos de saudades. Descobri que já não gosto de revistas e por alguns minutos achei que era melhor por isso, mas na realidade foi apenas um surto de snobismo que me leva às vezes a achar que os romances são melhores do que a banda desenhada. A verdade é que me afastei das revistas, e por isso gosto menos delas. Mas não é a distância que as tornou piores, ou os romances melhores, só mudou a minha perspectiva.
Portanto escolhamos o que é mais nobre porque isso fará de nós mais nobres, não melhores, mas mais nobres.
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