Um ano inteiro!
Um ano inteiro que demorou a conseguir ver a coxa torneada que se contrai em passadas frenéticas ao som que rosna do altifalante cansado.
São 364 dias que o rapazola teve que esperar até conseguir ver aquelas coxas carnudas com que já sonhara vezes sem conta.
A rapariga nem sonha que do outro lado daquela multidão, na solidão de um telhado precário está o rapaz que poderá ser o seu futuro.
O rapaz está feliz porque aquele pedaço de coxa que conseguiu vislumbrar por entre uma floresta de pernas já lhe vai dar para sonhar durante pelo menos mais um ano.
Normalmente isto ser-lhe-ia suficiente, mas é Carnaval e dizem que nesta altura tudo se perdoa.
O rapaz desce e, decidido, vai direito à rapariga. O Coração bate-lhe num corrupio mais rápido que o Samba gritado pelos foliantes. Pára frente a ela e o sangue, cobarde, foge-lhe todo do corpo. Ela olha-o, alva, suada e mais bonita do que o que é possível descrever. Ele atira-lhe um: -Danças comigo? E ela abraça-o rapidamente para que ele não veja como ela cora.
Os corações sincronizam-se e agora eles já não sabem qual é o que está a bater tão alto que quase suplanta a batucada. Ficam envergonhados por estarem envergonhados e agarram-se mais para que não tenham que se olhar.
Os suores cruzam-se e, em vez de se enojarem, inebriam-se.
Ficam assim muito, muito tempo. Muito mais do que o que durou aquela música,
e a seguinte e mais outras quatro…
Desagarram-se e, sem dizer uma única palavra, mas com os olhares fitos, afastam-se às arrecuas.
Têm 16 anos e não sabem nada da vida.
Ela está aos pinchinhos e gritinhos junto com as amigas. Ele está a correr aos gritos de alegria junto à linha d’água indiferente ao quão ensopadas fiquem as calças.
Nenhum dos dois faz ideia do que foi aquilo…
…mas isso é porque não sabem nada de nada.
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Carnaval, ou ignorância
porque não sabem nada da vida,
Quando forem mais velhos saberão que o amor é uma coisa que implica logística, indiferença, ciência, matemática, indiferença, morfologia, jogo de cintura, indiferença, sacrifício, paciência, indiferença, amizade.
Por enquanto não sabem nada de nada. Acham que Amar é só isso. Acham que nem tudo tem que ter razões. Acham que há coisas que são porque sim.
São tão insipientes que trocavam a vida toda por aquele momento.
Valha-nos os velhos, escachelados pela vida, que sabem que o Amor nem sequer existe, é só uma história para crianças, ou para palermas, ou para ébrios de tesão. O que existe é indiferença, ou paciência que são sinónimos.
Os velhos sabem que não existe Carnaval, é só mais um dia,
os velhos são sábios.
Quem sabe não descobre.
Poesia de alto gabarito
Se queres o meu futuro, esquece o meu passado
se te queres dar bem comigo, é melhor despachares-te
não desperdices o meu precioso tempo
organiza-te nós podemos ficar bem
…se queres ser o meu amante, tens que dar
tirar é demasiado fácil, mas é assim que é.
O que é que achas disto, agora que sabes o que sinto
consegues lidar com o meu amor? És a sério?
Não serei apressada, vou-te dar uma tentativa
se me chateares a sério então direi adeus
Raparigas Picantes – Quererser
d’ Sonhos de Liberdade
Ao primeiro olhar pareceu-me um pouco pretensiosa quando disse “sou a escritora que quero ser”, mas depois li isto:
Conheçam o blog http://sonhosdeliberdade.com no qual escreve a autora de que falo, Vanessa Cardui
a que?
A vocês religiosos:
– Não vos parece estranho que todas as religiões tenham peregrinações?
– Não vos parece estranho que todas tenham santos, ou profetas, ou pastores, ou outros ídolos, por mais que isso vá contra os ensinamentos dos mesmos?
– Não há nada de esquisito nas conversas que tendes com os mortos, com os espíritos e até com Deuses, nas quais vós falais com eles e eles respondem sempre simbolicamente?
Suponho que a estas inexplicáncias intelectuais chamais fé, eu chamaria estupidez.
Dito isto, a que recorro eu quando me toma desespero?
Dias sem religião
Hoje é o dia em que o cristãos não têm Cristo!
é um dia em que podem aproveitar para fazer coisas por si próprios,
Cristo está ocupado com a sua própria ressurreição, e por isso está o seu povo abandonado a si próprio.
Até à volta do Omnipresente poder-se-á usar só porque sim,
poder-se-á fornicar sem consequências eternas
quem sabe poderemos até ser bondosos só pelo prazer de ser
Nestes dois dias os cristãos serão verdadeiramente livres,
façam o que fizerem, fa-lo-ão sem julgamento final.
Mas cuidado, no Domingo terão que voltar ao mesmo
Ego acima de tudo
e preocupação com o próximo sempre
especialmente com a maneira como o próximo nos poderá fazer lucrar…
Boas Páscoas!