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O dia em que ficou sem coragem
foi porque a luz faltou.
Assim. Sem mais, nem menos, sem espaço… margem
de repente simplesmente se apagou
Teve dois segundos de pânico,
brevíssimos momentos de ansiedade
mas de súbito acabou, ficou mecânico
desprovido de humanidade.
Dada a desimportânia de tudo.
todos os dias eram iguais todo o dia,
dizia palavras, mas parecia-se mudo
até as coisas inesperadas ele já sabia
Tudo passou a ser indiferente
cabelos compridos,
unhas cortadas rente,
rezas, gemidos
Tudo foi a mesma coisa desde aí
deixou de haver escalas
todas as notas eram mi
todos fizeram as malas,
e viajaram sem bagagem
enfiaram os pertences em barcos
e ficaram a observar da margem
como se ficassem com as setas e atirassem os arcos
como se depois, por não terem bens materiais,
tudo ficasse saldado:
– direitos iguais para os animais
– paridade entre punk e fado
– fim do crédito mal-parado
– distribuição equitativa do mau-olhado
Mas a grande revolução
foi o fim do cozido à portuguesa
Passou a fazer-se tudo à mão
rendas de bilros com malha chinesa
O comunismo foi apanhado a fundir-se com a Igreja
e quando pensavam que se pariria o anti-cristo
O resultado foi gases numa senhora de Beja
cujo ganha-pão eram estatuetas de xisto
tomou um comprimido e acabou-se o problema
Descobriu-se a Santa Igreja Comunicrática
tudo passou a ser culpa do sistema
e da electricidade estática
Todas as semanas se votava a existência de Deus
e quando havia patrocínio
a chuva tinha gás e açúcar e vinha mesmo dos céus
tudo era inovação… ou declínio
Daqui donde ele se olha as coisas não mudaram assim tanto
é a mesma alegria, a inveja, o queixume, o canto
morre-se e nasce-se das mesmas maneiras de sempre
esgota-se a morte, vem a vida
a vida passa num repente
e quando a olhamos foi colhida
não por aquele esqueleto com foice e andrajos negros meio-desfeitos
a vida dá o que tem e acaba, assim sem mais nada
e por mais largas avenidas ou caminhos estreitos
ter-se-á que seguir um dia a pé
pela mesma estrada
Importa pouco se chega de camião ou sapatilhas
não interessam os interesses
se está bem de saúde ou doem as virilhas
se fora sovina ou dera benesses
Importa o que importa
mas saber o que é isso
é tudo.
Ti, 26-01-2010
Quem escreveu isto?
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Olá Insenso, bom dia!
O autor dos “posts” aparece na parte superior… É um bocado discreto, mas o design é assim…
Quando são textos de outro autores a assinatura é colocada no fim do texto!
Assim sendo, fui eu!
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Muito bem!
Só queria ter a certeza para poder felicitar-te pelo belo texto!
Continua!
Abraço
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