O que é que fazes?
– Sou programador… Isto é… Em termos de funções sou programador, em termos de formação sou trolha!
– Como? Explica lá isso!
– Eu tenho o 10º ano incompleto porque sempre gostei de programação e comecei a trabalhar muito cedo para uma empresa de programação.
– Percebo! Mas então deves ser um craque nisso!
– Sou bom, mas há alguns melhores.
– Esse pessoal da informática é muito bem pago, não é?
– Os outro não posso falar, mas quanto a mim… Ganho cerca de um terço do que ganham todos os outros programadores seniores…
– Porquê?
– Porque não sou engenheiro e, apesar de ser chefe de equipa e ter vários engenheiros sob minha alçada, as tabelas salariais dizem que eu sou pago muito abaixo deles.
– Hum…
– As tabelas decidem que serás sempre pago de acordo com a formação, não com a competência, ou sequer com a riqueza gerada.
– Mas tu podes falar com a direção da empresa para te pagarem melhor, não podes?
– Sim, poderia, mas provavelmente dir-me-iam que não, porque é muito fácil arranjar pessoas com a mesma formação que eu dispostas a trabalhar por menos do que eu! Apesar de não terem as mesmas competências, o que importa é a formação, não a competência. Toda a gente liga mais ao currículo do que aos resultados.
– Isso não é lá muito justo…
– Pior do que isso é que não é nada eficaz!… Eventualmente um dia destes ficarei farto e dedico-me a coçar o escroto como metade dos meus colegas… Há aqui um homem que é responsável por 62% do lucro da empresa! Há 12 anos ele criou um software que aumentou de tal maneira os lucros que deviam pelo menos ter-lhe dado uma parte da empresa. No início andou todo entusiasmado e quase terminou outro software que teria tornado esta empresa líder, mas como todos lucraram menos ele, acabou por se acomodar e agora, o melhor activo desta empresa, ganha o mesmo que eu e não faz nada de útil há já alguns anos.