inamor, despaixão

– Achas mesmo?

– Sim…

– Mas estás errado. O interesse que tenho por ti é muito pouco.

– Se é assim porque é que não me deixas de uma vez?

– Porque não é fácil acabar uma relação de tantos anos!

– Claro que é! Especialmente se não me amas. Mais ainda se nem sequer gostas de mim.

– Já te disse que te admiro e respeito mais do que qualquer outra pessoa…

– Bonito! E querer estar comigo? E gostar de andar a meu lado? E sorrir quando apareço para te buscar no emprego?

– Quanto a isso não posso fazer nada, e tu sabes.

– Sei. É verdade.

– Também sei que isso não é justo para ti, e eventualmente teremos que nos separar, mas o amor não se escolhe, ele é que nos escolhe a nós.

– Estás errada.

– Lá vens tu com a mania que sabes tudo…

– Desengana-te, eu não tenho a mania que sei tudo, nem a pretensão de saber. Mas isto sei: Dentro de três dias vamos separar-nos para sempre.

– E porquê daqui a três dias e não agora?

– Porque agora ainda te amo…

– E daqui a três dias já não?!

– Sim, e provavelmente daqui a três anos continuarei a amar-te, mas preciso dessas horas para vestir o meu manto de indestrutibilidade.

– E se eu acabar já com tudo?

– Isso seria maravilhoso, mas não vai acontecer…

– Porquê?

– Porque parte de ti não acredita no que digo e outra parte acha que pelo menos podes aproveitar mais três dias.

– Lá estás tu com a mania…

– …e o que eu nunca perceberei é porque é que aquela parte de ti que se sente feliz por me deixar, não é mais forte! Porque é que deixas sempre o medo vencer.

– Deixa lá, eu também não percebo metade das coisas que fazes…

Vânia, Junho de 2009