O homem já não sabia mais o que fazer.
Tinha-se alistado na marinha, tinha ido a pé a Fátima, viveu num mosteiro no Nepal, fora em peregrinação a Meca, mas mesmo assim não conseguia encontrar a paz.
Foi beber uma bica a um café de uma aldeia pequena, onde havia um anúncio:
“Precisa-se de empregada(o)”
Esqueceu tudo o que fizera antes e ficou com o emprego.
Passaram mais de quarenta anos. Ele ainda lá está. Nunca escreveu um livro para ajudar os outros a encontrar a felicidade, nunca fez um discurso para mais do que 10 pessoas, mas o sorriso generoso que já no primeiro dia trazia, agora transformou-se em algo muito poderoso que afecta todos os que passam perto. Ninguém conhece bem aquele homem, de onde veio, se tem família, mas todos, sem excepção, vão lá tomar o café sempre que podem, nem que seja para ouvi-lo desejar-lhes os bons dias; é que quando ele faz isso, os dias são realmente melhores.
Ti
Setembro 2007