Isso tem algum jeito? – perguntou ela com aquele meio sorriso nos lábios que ainda hoje não me deixa dormir, nas noites em que dele me lembro.
Pensei para mim próprio que sim, que tu valias muito mais, que valias a vida em si própria, que te amava…
O que eu disse foi:
– Claro! Não que tu mereças, mas pronto!
Respondeste:
– Não mereço? É… – enquanto me fazias cócegas que se confundiam com beijos, numa daquelas comunhões que aconteceram muitas vezes intercaladas por…
Dez minutos depois disseste-me pela primeira vez:
– Amo-te.
Fingi não ouvir e perguntei:
– O quê?
Olhaste-me no fundo da alma pelos olhos, e depois de fazeres um sorriso dos que só tu sabes fazer e que vão ficar para sempre marcados nas entranhas da memória, repetiste com brilho nos olhos lindos, lindos:
– Amo-te!
Fiquei enorme, maior que tudo, mas mesmo assim pequeno para o coração a querer estoirar de felicidade. Apertei-te nos braços com força, Puseste a língua de fora, a mostrar que sufocavas, afastei-me de ti o suficiente para te olhar nos olhos e beijei o teu sorriso.
Ti.
Dez.2005